Objectivo: Não entrar para o Manual de Diagnóstico e Estatística das Perturbações Mentais (DSM-IV-TR)

domingo, abril 05, 2009

Se tiver que ser sempre assim, que seja.




Se tiver que ser sempre assim, que seja. Que seja sempre assim. Solidão isolada, ideias constantes, princípios, olhos atentos, imaginação fértil, respeito pelo chão de cada um. Não me interessa se olham, se comentam, eu já estou ali, bem longe, bem distante, bem sarcástica. Sentada no final do barco a olhar o infinito que nunca chegarei a tocar. Esse que me sinto mais fascinada do que o presente que está aqui, agora ao meu lado.
Se tiver que ser sempre assim, que seja. Mas que perceba a tempo de resolver tudo o que tenho para resolver, antes de partir. Atingir a paz, a elevação máxima de mim mesma para me poder distribuir pela terra que me rodeia. Sinto o vento a tocar levemente no meu rosto e a dizer que ainda estou cá, aqui. Aquele raiozinho de Sol que, mesmo sozinho, preenche a alma da multidão e a minha.
Se tiver que ser sempre assim, que seja. Tudo a rodar no sentido contrário, as paredes a deslizarem e o chão a parar. A olhar para mim e a dizer-me que o caminho não é esse, esse que insisto em percorrer imaginando que tudo mudará, um dia. Esse dia que nunca chegará, somente a desilusão e o olhar cada vez mais vazio.
Se tiver que ser sempre assim, que seja. Sentada no banco do jardim a pensar que em cada prédio vive uma enormidade de almas e ao lado morre uma enormidade de árvores só porque nasceram no sítio errado.
Se tiver que ser sempre assim, que seja. Compreender cada átomo, cada partícula e sentir-me sem nada. Podia estar agora a tocar o Sol, mas não. Podia estar agora a viver o Presente, mas não. Podia estar agora a Respirar o teu ar, mas não.

Se tiver que ser sempre assim, que seja.
Já estou habituada.