Objectivo: Não entrar para o Manual de Diagnóstico e Estatística das Perturbações Mentais (DSM-IV-TR)

sábado, julho 10, 2010

No room for me




E se atasse as palavras e as enviasse pelo ar. Alinhadas, desalinhadas, cruzadas, espalhadas, juntas, atadas, desatadas... e as arrancasse todas, como se fossem roupas, uma por uma, até ficar sem nada, sem artifícios, com os meus defeitos e outros tantos.

Elas gritariam no meio da rua, subiriam as paredes e abraçariam quem vissem, ricos, pobres, alinhados, desalinhados, perdidos, achados, sozinhos, acompanhados e por um momento seria... apenas seria... sem definições, caracterizações, análises, interpretações...

Elas dariam um pontapé e encontrariam-me, saberiam proteger-me contra males oriundos de orgulhos feridos, podridões e maldades de outros. Salivas amarguradas, cheias de ressentimentos passados, de medos, de tristezas. Ensinariam-me a deixar, a rejeitar, a ignorar, a desvalorizar, a desviar o olhar e a não ferir os meus próprios pensamentos por ouvir sons de flechas amarguradas de outros.


Chega-se a uma altura da vida em que temos a certeza que não somos e nunca seremos a favor da corrente. Não porque adoramos contrariar, piorar, dificultar, complicar, mas porque é mais forte do que nós, faz parte de nós, define-nos e contra isso não podemos fugir... dos nossos defeitos.