Hoje (09.02.06) à tarde...
Vou tentar resumir a peripécia para mais tarde me recordar e rir que nem uma perdida!
Depois de ter andado a vasculhar os meandros da FNAC e de já ter feito alguma caminhada até então (desde paragem rato até ao chiado), resolvo apanhar o metro (linha verde) até à Alameda e aí continuar a viagem até aos Olivais, onde tinha o belo do carro estacionado. Parece simples, mas num ápite... o destino muda!
Desci as escadinhas do metro e quando dei por mim... paletes e contentores de pessoas aguardavam a chegada da carruagem. Uma informação interessante a passar em rodapé: Por motivos alheios ao Metropolitano, a linha verde encontra-se de momento encerrada.
Enfim... comecei a não gostar da história mas resolvi esperar e começar a ler a minha recente aquisição literária: "Tornar-se pessoa" (Carl Rogers). No entanto, como a idade já começa a "dar de si", começaram a apoderar-se de mim umas ligeiras dores de coluna (sim pk não havia lugar p me sentar!). Fechei o livro e comecei a pensar. Hummmm "estou a ver que aqui não me safo por isso..." se calhar o melhor é trocar de linha, portanto...apanhar a linha azul até ao Marquês de Pombal, depois seguir na amarela até ao Campo Grande e talvez aí a linha verde já esteja "boa" e apanho-a até à Alameda. Ah!ah!ah! Que lindo pensamento... plano furado!!
Agarrei no meu livrinho e nos meus pezinhos e pus-me em marcha até ao Campo Grande.
Chegada ao CP e prestes a entrar na carruagem, algo de estranho se passava...
Epá!!!!!!!!NÃOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOO!!!!!
A linha verde ainda estava com problemas!Humm, fuuuu, hummm, fuuuu. Respirar fundo nestas alturas é o melhor!
Então o que fiz mais uma vez?
Abri o meu livrinho e ali estive uns bons minutos a ler atentamente aquelas palavras do Dr. Rogers. Outra vez a vozinha irritante: "Por motivos alheios ao ...". Epá!Já chega não?Acabei por tentar saber o que se passava junto do senhor motorista, ao qual me foi dito: "Falta de Energia".
Enfim... no comments.
Outra vez uma gesticulação mental sobre o caminho a seguir... fácil fácil era descer as escadinhas e apanhar um autocarro que passasse lá pós lados dos Olivais. Mas como eu não gosto de caminhos fáceis (segundo consta)... o que resolvi fazer?
Ir a pé até aos Olivais?!
Ah pois é!
E foi isso que aconteceu...
Comecei então a caminhar e a pensar no melhor trajecto a realizar.
Acabei por fazer o mais dificil e longo. Que coisa esta hein?!
Até não me importava de ter ido pela 2ª Circular (estava logo ali ao lado) e em minutos estaria perto do aeroporto. No entanto... como nesta bela estrada a existência de passeios é escassa ou mesmo nula... O que fiz?
Passei toda aquela avenida que vai dar à ULHT para conseguir apanhar a Avenida do Brasil. Depois... andei toda a avenida (nem sei como!), passei aquele bairro manhoso, perto de um campo de futebol e de um parque com pouca luminosidade, até à Rotunda do Relógio. Depois...bom depois foi só escolher o caminho mais longo claro está! (mas aquele que também me pareceu mais seguro!).
Então enveredei por aquela estrada que vai dar ao aeroporto. Como senão bastasse, tive de entrar pelo aeroporto adentro para ir ter às chegadas (tb podia ter apanhado o avião para casa, quiza fosse mais rápido!). O seguinte passo foi descer a avenida, até tentar cortar à direita (perto do vale do silencio). No entanto, não havia passeio e por isso resolvi ir em frente até à rotunda (passei atrás da piscina dos Olivais). Cortei na primeira à direita, subi toda aquela rua e depois meti-me lá para o meio duns prédios manhosos, onde tinha deixado o carro.
No entanto, isto ainda não terminou! Falta um pormenor...
Quando estava a dirigir-me para o carro, sai uma personagem não sei donde e grita bem alto (isto tudo a centrímetros de mim):"Vampiros!!Sangue humano!!hummm" e fez aquele riso meio irónico, meio à psicopata...
Portanto... quando já estava numa fase mental em que só visualizava o conforto do carro e um som bem alto... em segundos pensei que o dia ia terminar mal, ou para ele ou para mim. Sim porque isto de andar kilómetros a pé por sitios onde mais ninguém passa, p/ além de carros e autocarros, fez aumentar o meu lado psicopata e pensar em planos macabros de sobrevivência p/ atacar um possivel agressor.
Enfim...só tenho a dizer uma coisa:
Que fim de tarde surreal!
Anotações:
. A cidade não está feita para andar a pé;
. Não sei como a vegetação, que se situa à beira da estrada, não morre com o CO2 dos carros (ainda o sinto na minha garganta);
. Os automobilistas tornam-se mais simpáticos nas passadeiras (e até quando estas não existem!). Como deve ser raro encontrar pessoas por onde andei... foi interessante o facto de terem deixado passar a minha pessoa atempadamente (paravam com alguma distância e sentia-se um "passe passe" ternurento/carinhoso, quase que maternal/paternal);
. Apesar de estar com uma mala à "tira cole" e um saco FNAC na mão, consegui não ser assaltada em plena noite (sim porque trajecto deu-se entre das 18 e picos e as 19 e picos);
. Não existem limites físicos, quando os psíquicos estão "determinados" (estava quase a morrer de cansaço mas a vontade de chegar, a pé, aos olivais era elevada!);
. Achei bastante irónico o livro Tornar-se pessoa, ter-me acompanhado nesta Aventura;
The End!