Objectivo: Não entrar para o Manual de Diagnóstico e Estatística das Perturbações Mentais (DSM-IV-TR)

quarta-feira, março 24, 2010

Tradução?




Nem sei bem por onde começar, começo por aqui talvez.

Enquanto consultava a Time-Out, reparei que dia 27 Março (já este sábado) é o Dia Mundial do Teatro, também com tantos dias festivos e comemorativos lá me lembrava eu...

Até aqui tudo ok, deparo-me então com uma informação bastante interessante, no Teatro D. Maria II podem-se ver peças à borla nesse dia, a Sério? É que queria mesmo ir ver uma peça que por lá anda... então bastante empolgada enviei um mail para a bilheteira do teatro para saber mais informações. Mas algo aconteceu porque o mail foi devolvido, não entregue. Pronto ok, telefono dps ou tento outra vez amanhã. E talvez tenha tudo começado por aqui porque depois, depois pus-me a sonhar...


Estava eu na fila do Teatro para conseguir um bilhete à borla, estava com mais alguém, sinceramente não me recordo bem. Sentia-me impaciente e só pensava, fogoooooooo é à borla vem tudo, que caraças e enquanto rosnava palavras raivosas a fila ia ficando cada vez mais pequena, até que por fim chegou a minha vez, finalmente!!!

Bastante contente lá fui eu, a subir umas escadas enormes, bommm aquilo parecia um museu, e nem sei se será porque nunca lá entrei. Talvez daí o sururu, o mistério à volta sobre este teatro.

De repente, começo a ver algo bizarro, as pessoas para entrarem para a sala tinham que dar um salto gigante, agarrarem-se a uma corda com nós e subirem rapidamente para um primeiro andar que não se via muito bem. Eu pensei... mas o que é isto?Não deve ser aquilo que estou a pensar... é que ainda por cima não havia chão, as pessoas mandavam-se e tinham que se agarrar à corda porque não havia fundo, era como se estivessemos num 4º andar a mandarmo-nos para o ar e tivessemos que agarrar uma corda que andava a balançar de um lado para o outro.

Eu entrei logo em pânico, eu não consigo eu não consigo, fodassssssssssssse isto não está a acontecer. Mas o que era estranho, era a calma das pessoas, o bom ar, tipo isto é uma entrada normal, uma coisa normal e subiam pela corda com uma rapidez e destreza invejáveis.

A coisa foi piorando porque a fila foi ficando cada vez mais pequena, pequena até que... passei-me por completo e dirigi-me ao director do teatro, que era um actor conhecido mas do qual não me lembro o nome, nem bem da cara sinceramente.

Só sei que me viro para ele e digo, olhe peço imensa desculpa por estar a incomodar, mas sinceramente que raio de entrada é esta? E as pessoas de cadeira de rodas como entram? Mas a senhora está de cadeira de rodas? Não, não estou, mas quero saber como as pessoas de cadeira de rodas entram, isto não tem elevador? ( enquanto pensava para mim, mas será que a segurança social ou a asae não vem inspeccionar isto?). Eu quero subir pelo elevador, mas será que não pensam nas pessoas que têm mobilidade condicionada? Ao qual ele me respondeu com um ar daqueles, sereno, sábio, misterioso como se me quisesse dar um ensinamento qualquer... o autor não se preocupou com os outros, quem se preocupa com os outros? E neste ar meio irónico, meio à mestre, fui-me desviando lentamente, olhando sempre para ele e para aquelas palavras e completamente indignada e furiosa saí do Teatro e só dizia para mim mesma, mas porquê Sara, porque não tentaste, porque não te agarraste, era fácil.


E nisto... acordo!

domingo, março 21, 2010

Uma parte da noite





Grandes encenações, olhares atrevidos, flashes, flashes, flashes, como se o mundo começasse assim, de salto alto e copo na mão.


Altas produções, sorrisos esbeltos enrolados em sacos de plástico que cheiram a mofo, genuinamente importados por qualquer um.


Quando se sai à noite, leva-se somente aquela parte de nós, a outra fica em casa.


A noite não tem espaço para maus momentos, só cenas loucas, brutais, dignas de serem observadas por todos, daí os flashes para depois serem publicados no livro das faces, dessa outra parte de nós que pouco serve mas que muito alimenta.


Na noite, quem ousa desafiá-la e chegar ao seu grupo de amigos um pouco menos feliz, é-lhe imediatamente solucionado o problema... cerveja, vinho... alcool!! E nem vale a pena negar, podemos ser brutalmente esfaqueados com palavras que transtornam a alma, ainda mais.


A noite, cheia de mistérios lunares, de vontades, enfeitiça. Todos ficam subitamente extro, mesmo que sejam intro. E mesmo que não haja o verdadeiro ouro, finge-se com a etiqueta colada do avesso, para ser devolvida no dia seguinte.


O que vale...


O que vale é que nem todas as noites são assim.