Objectivo: Não entrar para o Manual de Diagnóstico e Estatística das Perturbações Mentais (DSM-IV-TR)

domingo, março 29, 2009

Um dia qualquer, pode ser Domingo.



Estamos parados na fila e lá vem o chico-esperto pelo pequeno espaço do lado e enfia-se, fazendo os outros de palhaços. Fico fula!

Mas acontece que... existe sempre um no meio desses mil que simplesmente se mete porque... não sabe bem o caminho e só em cima do acontecimento, quando olha para as placas, apercebe-se que tem de guinar o volante e tentar encolher o rígido e pesado automóvel no pouco espaço que lhe sobra porque já ia para onde não devia! Mas é claro que, todos nós sabemos, este sujeito está completamente lixado!
Ora bem... nós que estamos à seca na fila, a suar, a espumar raiva, a bufar, a dizer mal da vida, a olhar para o relógio... deparamo-nos com aquele indivíduo ali a armar-se à esperteza. Então o que pensamos? "Lá está outro chico-esperto a tentar enfiar-se, mas agora não passas!". Pensamos assim, assim como todos os outros que estão na fila. E o que acontece? O chico-esperto que não é chico-esperto fica ali tempo indeterminado porque todos pensam que ele é filho da puta e se alguém tem de pagar pela raiva da espera, que seja ele, o chico-esperto, tem de ficar ali a apodrecer!
Só que entretanto, o chico-esperto que não é chico-esperto começa a ficar impaciente com a espera demorada e das duas uma, ou alguma alma caridosa lhe cede passagem e tudo se resolve a bem, ou... o chico-esperto que não é chico-esperto, tem que se armar em chico-esperto e meter-se à bruta para se conseguir "safar" porque senão... ninguém lhe deixará passar!!
E a pergunta é... quem tem a culpa?
Dei comigo a pensar nisto porque é o que se vê diáriamente, a qualquer hora, a qualquer segundo e representa totalmente o que é a vida, neste momento. Uma selva onde cada um se centra no seu mundo, nos seus objectivos, desconfiando das intenções do outro que está ao nosso lado. Fartos de sermos enganados e vencidos por aqueles com menos princípios e mais lábia!
Então o que acontece? Isto favorece/reforça o quê?
Das duas, uma.
Ou enchemo-nos de coragem, mesmo com a lágrima de revolta no canto do olho e mantemo-nos fiéis aos nossos princípios, apesar de tudo; ou transformamo-nos também nós em chicos-espertos... em filhos da puta!!
E o mais lixado da questão é que... por um segundo, por um minuto, por uma hora, por um dia, por dois ou três, todos nós já tivemos que ser chicos-espertos...
Mas enquanto tivermos voz activa, temos alernativa!
Respeito!

domingo, março 15, 2009

Sem ficção e sem efeitos especiais.



Complicado.
Tudo se torna complicado quando já não somos o que éramos, novinhos, ingénuos, puros!
Quando assumimos responsabilidades e já não brincamos no recreio, perdemos coisas pelo meio.
Quando fazer as pazes era tão fácil, agora tudo é mais elevado, a própria decadência, pior, o desprezo e a indiferença cortantes como facas pontiagudas. Tudo se defende no seu mundinho, mundinho este construído à imagem de cada um.
E recordo-me tão bem… quando ainda em criança, os mais atentos, me diziam palavras sábias, sem eu perceber o porquê ou mesmo acreditar/dar importância. Aqueles olhares de preocupação com um misto de paternalismo, “quando cresceres vais dar muitas cabeçadas, com todos esses sonhos, essas utopias, nem todos são como tu”.
E o que é facto é que, neste momento, sou eu a olhar para a pequenada e a perceber que certos e determinados, vão igualmente levar machadadas pela vida fora, os puros!
E é nesta nostalgia que sinto a garganta a contorcer-se, recordando todos aqueles que passaram pela vida e souberam dizer as palavras que ficam a pairar pela vida fora, em forma de respeito e pura consideração.
Espero um dia conseguir o mesmo!
Neste momento… estou cansada e gostava de fugir para o Tibete ou simplesmente dormir durante 1 mês, sem intervalos.


É a pura da verdade!

quinta-feira, março 05, 2009

Mais do que qualquer outra coisa, é isto.







Pior do que viver, é não lutar
Pior do que rir, é não sorrir
Pior do que amar, é não dar
Pior do que dançar, é não acreditar

Vejo esqueletos empinados
Gargantas ávidas
Palavras torneadas
Mais nada

Cheios de certezas
Ávidos de experiências, dizem
Mas pedem dinheiro
Não são auto-suficientes

Alimentam-se dos corpos
O resto é ficção
Sugam o esquetelo, os orgãos... tudo
E riem-se

Riem-se à bruta
E tanto que voltam a foder
Os sentimentos
Somando a merda que se multiplica

Contentes
Para casa vão
Com os rabos metidos nas línguas
E as línguas metidas na dor que carregam

A orgia dos sentimentos
Na esquina merdosa
Onde se mija para os pés
E lambe-se a merda.

Só fabricar, seja o que for
Até filhos
Que depois se perdem
O amor mudou de casa

Será este o futuro?
Se já o é, o presente
A evolução?
Escolho o macaco

Fiel.
Autêntico.
Verdadeiro.
Mesmo que fique sozinho.
Mesmo que se riam à bruta.
Ele não se acobarda no seu Eu.
Eu fico, com ele!