Objectivo: Não entrar para o Manual de Diagnóstico e Estatística das Perturbações Mentais (DSM-IV-TR)

sábado, abril 25, 2009

Este Sentir

Sinto que somos todos iguais. Apesar dos percursos, das educações e das personalidades distintas, sinto profundamente que todos nós queremos, desejamos, ambicionamos, sonhamos e idealizamos o mesmo, da mesma forma.
Só que depois, às vezes, meto-me a olhar com cuidado no amontoado de pessoas que se juntam em meros metros quadrados, em plena noite, e fico aterrorizada quando percebo que nem tudo é assim. Nem todos sabem, nem todos querem, nem todos se esforçam, nem todos sonham. Essa é que é a realidade. Angustia-me.
Alguns, ou demasiados, somente festejam à bruta, sem limites, e não sabem fazê-lo de outra forma, aliás… não querem fazê-lo de outra forma. Uns porque querem esquecer a vida profissional e pessoal endividada; outros pelo prazer que dá numa vida sem compromissos e responsabilidades, bancada por familiares e/ou terceiros. Sinto que às vezes talvez possa estar equivocada neste raciocínio, na minha humilde ingenuidade. Talvez esteja num mau dia, mal-humorada, desiludida com a vida e tire conclusões drásticas e pessimistas. Mas percebo que não. Certamente que não, sabemos todos que não, infelizmente não estou enganada.
É então nesse momento, nesse instante, que o meu olhar se transforma, fica pequeno, gela. Por momentos morro. Tudo fica pesado e extremamente penoso. Deixo-me ir e imagino-me fora daquele metro quadrado, sentada no meu Mundo a ouvir os meus sons bem mais melódicos do que aqueles que emanam dos corpos das vidas momentâneas onde se perderam os sonhos, venderam-se as almas e cultivou-se a artificialidade, a vulgaridade e a imagem, a qualquer preço. Qualquer corpo serve, desde que sirva. Mas… e os sonhos? Onde ficaram? Porque raio, apesar de tudo, continuo a descobrir no olhar dessas mesmas vidas momentâneas… os sonhos! Serei eu a esforçar-me e a ver o que já não há ou simplesmente a ver claramente o que há e que se pensa que já não existe? Não sei, só sei que fujo, fujo a sete pés desta decadência, corro o mais rápido que posso deixando o cenário para trás. Só que esta vida maldita insiste em perseguir-me, em consumir-me, até me deixar de rastos e exausta, estendida no chão. Faz-me pôr em causa todos os meus ideais, todas as minhas convicções, todos os meus sonhos, toda a minha forma de viver.
Agarro-me com todas as minhas forças a tudo o que estiver ao meu alcance porque sei que, na verdade, continuo igual a mim mesma, desde o dia em que tudo isto começou…



Feliz 25 de Abril!

domingo, abril 05, 2009

Se tiver que ser sempre assim, que seja.




Se tiver que ser sempre assim, que seja. Que seja sempre assim. Solidão isolada, ideias constantes, princípios, olhos atentos, imaginação fértil, respeito pelo chão de cada um. Não me interessa se olham, se comentam, eu já estou ali, bem longe, bem distante, bem sarcástica. Sentada no final do barco a olhar o infinito que nunca chegarei a tocar. Esse que me sinto mais fascinada do que o presente que está aqui, agora ao meu lado.
Se tiver que ser sempre assim, que seja. Mas que perceba a tempo de resolver tudo o que tenho para resolver, antes de partir. Atingir a paz, a elevação máxima de mim mesma para me poder distribuir pela terra que me rodeia. Sinto o vento a tocar levemente no meu rosto e a dizer que ainda estou cá, aqui. Aquele raiozinho de Sol que, mesmo sozinho, preenche a alma da multidão e a minha.
Se tiver que ser sempre assim, que seja. Tudo a rodar no sentido contrário, as paredes a deslizarem e o chão a parar. A olhar para mim e a dizer-me que o caminho não é esse, esse que insisto em percorrer imaginando que tudo mudará, um dia. Esse dia que nunca chegará, somente a desilusão e o olhar cada vez mais vazio.
Se tiver que ser sempre assim, que seja. Sentada no banco do jardim a pensar que em cada prédio vive uma enormidade de almas e ao lado morre uma enormidade de árvores só porque nasceram no sítio errado.
Se tiver que ser sempre assim, que seja. Compreender cada átomo, cada partícula e sentir-me sem nada. Podia estar agora a tocar o Sol, mas não. Podia estar agora a viver o Presente, mas não. Podia estar agora a Respirar o teu ar, mas não.

Se tiver que ser sempre assim, que seja.
Já estou habituada.