Às vezes, não sei.
Às vezes apetece-me.
Às vezes não sei.
Às vezes percebo.
Às vezes não sei.
Sinto o ar a bater-me na cara.
A dizer que estou cá.
Aqui.
Ainda.
Desmancho-me quando vejo a hipocrisia.
Ali a pobreza.
Faminta.
Quando trago um saco cheio de comida.
Às vezes tudo faz sentido.
Percebo a essência.
Às vezes tudo me transcende.
A incerteza.
Perfuro-me com agulhas.
Meto-me na água.
Alivio a dor.
Volto a sorrir.
Mas parece que não.
Hoje não é o dia.
De facto.
Que irei.
Nunca me libertarei.
De ti.
Fantasma.
Que já não és...
Diz-me porque sinto este ar.
Este desejo infinito.
Esta vontade.
Nesta esmagadora inactividade.
Não deveria ser assim.
Não.
Deveria ser maior.
Grandioso.
Mas sinto-me pequena.
Escondida.
Perturbada.
No canto.
Tal como era.
Sempre fui.
Vontade avassaladora de mudar.
Compreender.
O Mundo?
Eu?
Quem sabe...
Nós!