O que se passou...
Capítulo I.
Eu podia meter-me dentro da panela que ferve no fogão
Podia correr e espetar-me contra a parede
Podia atravessar a estrada a correr, sem olhar
Podia escavar e meter-me lá dentro
Podia espetar-me naquela rua, naquela estrada, naquela curva
Podia comer vidro e gritar
Podia matar-me lentamente
Mas nada disto seria pior do que aquilo que sinto cá dentro...
O que ele não ouviu...
Capítulo II.
Porque és assim tão distante?
O que te fiz? Perguntou ele.
Silêncio.
Não te entendo, sabes? Tu gozas com tudo e com todos, assim sem mais nem menos?
Silêncio.
O que és afinal, porra!!!
Silêncio.
Não prestas pois não?
Silêncio.
Mas eu sinto o que és, dá-me só uma pista para te conseguir agarrar, dás?
Silêncio.
Porra! Eu vou-me fartar sabes! Todos se fartam!
Silêncio.
Mas porque raio me meti contigo?!Eu sinto o que és... mostra-me!
Silêncio.
Mas porque me fazes sentir assim?
Silêncio.
Agarrou-a por um braço, encostou-a à parede e disse: "Mostra-me porra!".
Silêncio.
Mostra-meeeeeeeeeeeeeeee!!!
Silêncio. Ela mantinha uma calma aterreradora...
Mas como é possível não sentires nada? Como?! Explica-me!
Silêncio.
Explica-me, estás a ouvir?
Silêncio.
Explica-meeeeeeeeeeeeeeeeee. Mandando-a agora para o chão, completamente desesperado.
Silêncio.
Choro compulsivo, bastante profundo. A alma dele tinha caido.
Silêncio.
Ao som do soluçar continuava: explica-me... eu só quero perceber...
Capítulo III.
Ouviu-se o bater da porta. Tinha sido ela, saiu sem pestanejar.
Foge, Foge! É o que sabes fazer melhor não é?Agora pregado ao chão, soluçava aflitivamente...
Assim me despeço.
Sem outro assunto de momento,
SN
Sem outro assunto de momento,
SN