Mas que Déjà-vu...
Simplesmente já tinha escrito este post para aí, quê, com umas valentes 30 linhas contando alguns episódios passados nas Itálias.
Acontece que...
As palavras desapareceram assim, num ápice!
Nem houve tempo para voltar atrás, reparar o erro e recuperar o post!
Aiiiiiiiii que dor!
E eis que... com a minha persistência e teimosia, volto a repetir o mesmo.
Não o erro, o contador de histórias!
Ora pois bem, então tudo começou muito cedo, ainda no Aeroporto da Portela.
"A senhora acompanhe-me, temos de ver a sua mochila".
Palavras ditas com aquele ar de: Ah, ah! Vamos-te apanhar sua bombista!
Então que armas mortíferas carregava comigo?
Líquido para as lentes de contacto, creme para limpar a cara e garrafa de água. Estas embalagens tinham ml a mais, proibidíssimo levar na bagageira do avião.
Esqueci-me completamente!!!
- Estas 3 embalagens não podem ir
- Como assim?!Então o que faço com elas, onde as deixo?Podem guardá-las e depois venho buscar? A garrafa de água pode ir para o lixo mas as outras duas...
- Nós não podemos guardar nada, a solução é despachá-las no porão
- Somente as embalagens?Posso?Estranho...
- Não pode não. Tem de as colocar na mochila e depois despachá-la. Mas a que horas é o seu voo?
- 8h00 (nisto já eram umas 7h30, +-).
- Então nem pensar, não há tempo. Só se... enviar pelo correio.
- Por correio? Só se for para a minha residência porque para Bolonha é melhor não... ainda me vou embora antes do correio chegar
- Exacto, envia-as para casa para não ficar a perder, imagino que estes produtos sejam caros.
- Tem dinheiro consigo? Então vá rápido, venha comigo
E lá fomos.
Depois de introduzir a nota na máquina e escolher o envelope, eis que... esta não dava troco, um envelope por 10 euros parece-me carote!
Então o que tivemos que fazer? (os minutos iam avançando...)
Tirar mais envelopes até a máquina ter moedas suficientes para o troco. E assim foi. Que bonito ter a mala cheia de envelopes!
Ok. Escrevi a morada e lá coloquei o envelope no marco dos correios.
Passo novamente pelo detector de metais e...
- Tem de vir comigo outra vez, está algo mais na sua mochila!(o quê?!E os minutos avançavam...)
- Então não me disse que tinha cá outra embalagem?
Mesmo assim continuava com bom humor e a rir-me da situação. Isto não é normal!
- Pronto venha lá comigo enviar esta embalagem e deixe masé aí a mochila ok? (Isto foi quase como dizer.. ok. eu já percebi que você nem para bombista serve, deixe aí a porra da mochila porque eu tenho mais o que fazer do que andar aqui a brincar aos correios.ahahah).
E afinal os envelopes sempre serviram!
Mas entretanto... ouço o nome pelo aeroporto, ahhhhhhhhhhhh vou perder o avião!!
Toca a correr e o pessoal que se desvie!!!
Uf... finalmente no autocarro com os passageiros ali à seca, ui! Que olhares matadores!
Reflexão.
Ora... se isto começou assim certamente que mais coisas-do-género estariam por vir...
E assim foi.Por onde começar?Ora bem...
Bolonha.
Ia sendo atacada por um velhote. Disse umas palavras num tom medonho e só não me bateu com a bengala porque não chegou a tempo. Eu ainda pedi desculpa, mas não serviu de muito porque continuei a ouvi-lo rua fora… sempre a resmungar!Entretanto, e para melhorar a situação, surgiu outra pessoa a gritar pela janela. Tratava-se daquelas mulheres-típicas que estão sempre à janela fingindo apanhar a roupa, mas sempre com o objectivo de saberem a vida de todos... existem por todo o lado!
Mas então... o que fiz para merecer este "estrilho" todo?
Aqueles arbustos que servem de pseudo-muros? Pois bem, para não dar uma volta do "diabo" quis fazer corta-mato furando um desses arbustos. Até procurei com cuidado uma brecha para passar porque claramente passavam por ali várias pessoas....só que… fui apanhada, eu sei, eu sei, não há desculpa! Sou má prá natureza e harmonia ambiental pronto!
Confesso que por momentos pensei que o velhote viria atrás de mim e a senhora me mandasse algo pela cabeça abaixo porque resmungavam pra caraças! Cuidadinho com a raça Italiana! Chiça!
Ainda por estas bandas… praticamente no mesmo local, desta vez à noite. Uma mulher mandou-se para o meio da estrada e alçou a perna de uma forma… (aquela imagem foi qualquer coisa…) possivelmente pensava que éramos possíveis clientes, isto porque accionamos o pisca-pisca do carro, mas era para virarmos para a residência estudantil!Pode-se?
Veneza.
Fui agredida por um cão, aqui sim houve claramente agressão física! Ia a sair da loja maravilhosa de máscaras, com a compra feita, quando o cão “filho da lojista” simplesmente atacou o meu tennis, afincando os dentes.
Eu só me ria, assim como as restantes pessoas que passavam na rua e pararam para ver o espectáculo porque o cão era meia-leca e estava completamente passado, agarrado ao meu calçado! Tenho a sensação de que se tentasse sacudir o cão com o pé, ele continuava agarrado. Mas também sei que… caso este acontecimento tivesse ocorrido há um ano e picos atrás, antes de ter o meu próprio cão, ter-me-ia dado um enfarte devido ao meu ex-pavor com cães! Estou curada! Estou curada! Ahahaha.
E aqueles tugas? Passaram mesmo ao lado e mais ao longe disparam um “Ó Portuguesa do Cara***”! Mas afinal o que vem a ser isto, hein?!
Pádua.
Estava a passar ao lado do túmulo de Santo António, ia descontraída falando e rindo-me, talvez tenha dado uma gargalhada, aquela gargalhada que não devia porque… o senhor religioso que guardava e zelava pelo túmulo olhou para mim, com aqueles olhos esbugalhados e raivosos, completamente indignado dizendo/gritando: “Silenzio!!!!!!!!!!! Il Tumulo de Santo António!”. Eu fiquei, nem sei! Petrificada. Aquelas palavras foram como pedras, um punhal que me entrou pela espinha dorsal e me fez calar, não conseguindo esboçar sorriso algum, muito menos gargalhadas durante a restante visita à Basílica!
Quererá isto dizer que a postura sizuda, calada, introspectiva é sinónimo, por si só, de respeito, compaixão e humildade? Hummm… bastante irónico, mas ok! São as regras da casa! Eu cumpro-as e deixo as minhas questões para outra altura!
Seguindo em frente.
Florença.
Estranho. Não me lembro de nada bizarro.
Somente ter subido 400 escadas, até à cúpula, por caminhos sombrios.
De qualquer forma, pensava que a cidade era mais floral! Tipo em todos os cantos pessoas com bicicletas cheias de flores e com o jornal debaixo do braço. Onde terei tirado esta ideia, hmm?!
Aeroporto da Portela, chegada.
Só me consigo lembrar do último pormenor, este bastante devastador.
Foi como me senti, devastada.
Aliás, mais pequena que uma formiga, quiza um insecto, contemplando o que via.
Dois jovens em cadeira de rodas, também vinham de Bolonha, completamente autónomos. Foram buscar os carrinhos e tiravam a bagagem do tapete rolante para o chão. Um tirava, o outro colocava-a no carrinho. Mas não eram 2 ou 3 malas, eram muitas porque, ao que parece, eram desportistas e vinham carregados de material.
E é nisto que me lembro daquela senhora a fazer-se valer quando escolhia as jóias e a outra que levava os óculos mais caros e a mala mais fashion, sentindo-se a rainha do pedaço!
Mas isto, isto, não é nada!
Aquilo sim, aquilo é grandeza!
E assim parece que me despeço.
Sem outro assunto de momento...
Finito!