Coisas extraordinárias.
Como estar sentada e lembrar-me do tempo.
Esse em que tudo era mais simples.
Verso 1.
Espreitava-se pela fechadura, aquela porta tenebrosa.
Ouviam-se histórias contadas pelos alunos mais velhos.
Diziam que em tempos, outros abriram a porta e perderam-se pelo meio dos labirintos...
Então, deixavamos a costureira sair e entravamos.
Ao espreitar, somente viamos um corrimão antigo e umas escadas em caracol, estava tudo selado.Mas depois... já na sala de costura, aí encontravamos um chão aos altos e baixos e livros em estantes.Diziam que por ali, por baixo, haviam labirintos que chegavam até à rotunda do relógio.
Os livros, esses, sobre labirintos e histórias antigas que um dia levamos, mas... aquela, aquela rapariguinha enervante apanhou-nos e denunciou-nos à auxiliar. Não sei bem como, conseguimos fingir e dissimular porque não chegaram a encontrar livro nenhum!
Existia ainda aquela outra porta, na correnteza da sala de aula, que se abria com uma pseudo-tesoura.
Via-se um alçapão, já sem ferragens e onde se mandavam pedras, pelas fisssuras, tentando ouvir-se o barulho, para onde iriam?Onde cairiam?
Acontece que nunca se ouvia nada!
(Mistérios por desvendar no colégio)
Verso 2.
Aquelas asneiras na porta da casa de banho da escola, sem saber o que significavam.
Perguntava à avó o que queriam dizer.
Ar muito aflito da outra parte e com justificações apressadas.
Mas o que querem dizer?
Então dizia-as bem alto e várias vezes, até obter resposta.
Engraçado... quando não sabemos o significado das palavras.
Não dizem nada, simplesmente não valem nada.
Até que a explicação era dada, com pitadas de embaraço pelo meio.
(Bastou um ano nesta escola para perceber muitas outras coisas que anteriormente não sabia)
Verso 3.
Quando jogávamos ao elástico, jogo das 7 pedras, saltávamos à corda, íamos para a biblioteca falar e a bibliotecária mandava-nos calar 1500 vezes.
Aquela padaria/supermercado com aquele bolo magnífico!
Quando nos metemos todos sentados à frente do portão da escola e não deixávamos ninguém passar, um protesto do qual já não me lembro que fundamento tinha...
O pavilhão onde havia a mesa de matraquilhos e que estava sempre ocupada!
Quando diziamos que iamos formar uma banda e já tinhamos os cartões.
Ou simplesmente as aulas de trabalhos manuais que adorava!!
Aquela rotina de tocar às campainhas para irmos todos juntos, a pé, para a escola.
(Boa onda esta escola!)
Verso 4.
Chegámos à gangsta school.
Uhhhh
Todos diziam, ai essa escola, ai essa escola.
Bons professores, mas alguns alunos...
A sério?
Não notei nada!
Nem sei a que alunos se referiam porque... grande escola!
Quando tentaram prachar-me e eu já ia com aquelas petas todas descodificadas para não cair na ratoeira (tive quem me informasse...) só que houve uma que... tramou-me!
Aqueles salames deliciosos e aqueles bolinhos de fatia quadrada acabadinhos de sair do forno... hummm que bela doçaria escolar!
As actividades que aderiamos, sempre!
E as outras que começamos a organizar, mesmo não sendo da associação.
Arranjar trocos para a viagem tinha de ser!
Festa com bandas ao vivo e a cores.
Cravos de várias cores, vários significados, que entregávamos nas aulas, juntamente com mensagens anónimas, ou não, de acordo com a ideia de quem "comprava para oferecer", no dia dos namorados.
Os patrocínios que tentavamos cravar aos comerciantes da zona.
E houve mais qualquer coisa...
As aulas de Educação Física, espectacularesssss!!!
Quando vimos o filme - Zona J e depois...
Depois...durante os jogos de basquetebol e voleibol algo acontecia!
Aquilo só mesmo gravado!
Incorporavamos as personagens
Aquele palavriado todo
Aqueles diálogos e os nomes de alguns...
E aquela vez que levámos a professora de psicologia, formada em Filosofia, a sair connosco à noite.
Iamos para o bugix dançar para cima das mesas?!
Por favor...
Mas era assim realmente,
Todos a dançar nas mesas de madeira, naquela altura...
da Expo 98.
(Grandes tempos!)
Mas parece que agora só se ouve...
"Dá-me o telemóvel!!"
Telemóvel?!
O que era isso nesta altura?
E não passaram assim tantos anos...
Os suficientes para as tecnologias avançarem.
E o resto?
Ainda há?
Este rodopio de cores extraordinárias que me lembro.
22.04.08