É verdade Isto é o REAL
O gueto na perspectiva horizontal
De quem se perde nas ruas e vive só
Perseguindo o mundo, entrelaçado num nó
Começando pelo início
Ora bem...
Eramos três raparigas
Saimos do café naquela Avenida perto da 5 de outubro...Conde de Valbom
Eram +- 02h15 da manhã
Estavamos a decidir se íamos para casa ou comemorar o Diploma para o Bairro e conhecer o Loft
O cansaço já era algum e adiamos a comemoração para outro dia
Resolvemos então ir a pé até ao Areeiro (sim pk era o dia anti-carros!)
O Nuno e a Rita queriam dar-nos boleia, mas rejeitamos
É que queriamos MESMO ir a pé
Estava uma noite óptima
Queriamos navegar pelas ruas de Lisboa
Cortar na casaca de alguns
Estarmos entretidas na conversa enquanto apreciavamos as bonitas ruas silenciosas
No entanto, este inicio de caminhada que prometia ser calmo e proveitoso, quase que se tornou naqueles filmes M/16 anos pela carga de adrenalina disparada pelo medo, stress, nervos, ansiedade que os filmes de Terror despoletam.
Tinhamos virado naquela esquina
Estavamos na Av. República
Caminhavamos rumo à perpendicular
Aquela que passa ao lado da Praça de Touros, Campo Pequeno (Av. João XXI)
Vimos um Homem parado (ainda na Av. República)
Olhava fixo para o chão
Parecia absorvido, alienado, perdido, transtornado
1/2 Caminho andado para começar a fantasiar (= lidar com a situação)
"Humm... este homem não deve ser muito normal, às tantas ainda vem atrás de nós..."(S.)
Malditas premonições
Veio mesmo
Sensação que tinhamos quebrado a alienação do Homem
Do género "quebra mesinhas/feitiços"
O homem parecia um robot
Era forte (Gordo!)
Mas mantinha a passada
Cabrão!
FDP!
Resolvemos atravessar a Avenida, na tentativa de vermos se continuava na nossa "guarda"
Ah pois é!
Estava mesmo!
Ficou retido num semáforo!
Boa!
Mas conseguiu recuperar os metros que o tinham distanciado
FDP! A Sério!
(a M. Já estava com telemóvel na mão, para alguma emergencia)
"Meninas... se Ele começar a correr ou tentar atacar-nos, corremos sem parar, vamos dar o nosso maximo!" (S.)
Já estavamos a cortar para a perpendicular (Av. João XXI)
"E se agora corressemos bastante e nos escondessemos atrás daquela carrinha branca?Para ver a reacção dele" (S.)
Mas continuamos a andar
Subimos toda aquele Rua
Fonix!Estava estafada!Mesmo cansada!Esta falta de exercicio fisico!grrr...
Começamos a preocupar-nos a serio!!
Fez-se sinal para um taxi, mas este enfiou-se pelos túneis
Continuamos...
"Estou a ficar stressada com o que dizes!" (M.)
O cabrão continuava (gordo mas cheio da pica!)
"Pah já mandavamos sms ao Nuno a dizer para parar com brincadeira, já nos meteu medo suficiente (J.)"
"Mais à frente há uma padaria que está aberta a estas horas, há sempre gente por ali" (M.)
Yes!
Um magote de gente!
Ficamos na fila, naquela espécie de escudo humano (ajudem-nos!)
Então não é que o cabrão desatou a correr, porque perdeu o campo de visão e já não sabia onde nos encontrar
Quando nos viu, acalmou e começou a andar
Passou atrás de uma carrinha branca, mas não conseguiamos ver para onde tinha ido
"Então agora vai ficar atrás da carrinha?" (M.)
"Epá cabrão, FDP, vou espreitar, é melhor enfrentar estes FDP" (S.)
Mas o bacano já estava no outro lado da rua e caminhava em direcção a uns bancos
"Será que se vai sentar?Para ficar nossa espera?" (M & J.)
Vá lá...continuou e umas ruas abaixo, tornou a ficar na posição inicial
Absorvido, alienado, perdido, transtornado
Saimos da fila e descemos um pouco a rua
Ele de um lado, nós do outro
Fingiamos ver a moda duma loja
Sempre atentas ao FDP
Uns bons minutos depois ele "acorda" e volta a subir a rua que tinha descido, ou seja, traçando uma linha paralela (imaginaria), ele estava num lado da rua e nós do outro
"Tive a sensação que ele olhou para nós" (S.)
Continuou a subir a João XXI
Nós a controlarmos os movimentos
"Agora era giro irmos atrás dele" (S.)
Mas não fomos!
Quer dizer... só mais tarde e de carro!
Mas continuando...
O homem acabou por desaparecer, já se tinha afastado o suficiente
Continuamos o nosso percurso, sempre a olhar para trás, claro!
Estramos no carro
Trancamos as portas
Pusemos os cintos e arrancamos à busca do Homem...
Passamos pelas mesmas ruas e por outras mais...
Não o voltamos a ver
Quiza estaria a perseguir outras pessoas
Quem sabe?!
Por isso...
Não andar à noite, a pé, em Lisboa entre as 2h00 e as 3h00 da manhã!
p.s: depois deste acontecimento as nossas vidas vão mudar.Vocês sabem..
Vamos criar uma seita anti-criminalidade, MJS, Lda., com sede na Av. Republica.
Temos de começar a tratar do logótipo e da farda de intervenção para uma sociedade mais segura e justa!A limpeza das ruas vai começar a qualquer instante...
Nota: A J. relembrou-se de 2 aspectos que faltavam neste texto.
1º O pormenor do tom da minha voz (ligeiramente elevado) durante o percurso da dita situação. Pode-se dizer que até a pessoa mais surda poderia ouvir algo (algo, repito!)
2º Os olhares das pessoas da fila da Padaria, ou seja, desde que "estacionamos" na fila, até à situação normalizar e podermos circular até ao Arreiro +- descansadas, os nossos comentários, movimentos, recuos, avanços, espreitadelas estranhas... foram o suficiente para as pessoas pensarem que nós eramos as verdadeiras doidas da Avenida João XXI.
FINITO!